Páscoa Cristã 1 IPB

10, abr, 2020 | Uncategorized

Páscoa Cristã

Páscoa Cristã

Igreja Presbiteriana do Boqueirão

I- Definição

Páscoa (pesah) vem de um verbo que significa “passar por cima”, no sentido de “poupar” (Douglas, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. Vol. II. São Paulo: Vida Nova, 1990, p. 1207).

II-  Páscoa no Antigo Testamento:

É uma cerimônia que possui história, baseando-se em um fato: quando Israel estava escravizado no Egito, Deus o chamou, tomando medidas sobrenaturais para livrar o Seu povo. O relato registrado no livro bíblico de Êxodo (capítulo 12) faz parte de uma história de amor, a saber, das manifestações divinas para que o povo pudesse sair do Egito. A primeira celebração revestiu-se de características nitidamente dramáticas, inclusive a disposição dos participantes: de pé, prontos para partir em viagem (Êx 12: 11).

                   Para os israelitas, daí em diante, aquela cerimônia haveria de lembrar-lhes que Deus os libertara da escravidão. Por esta razão, nas celebrações posteriores, quando os filhos perguntassem aos pais: “Que rito é esse?”, a resposta deveria fazer referência à libertação realizada por Deus (Ex 13: 14 – 16).

                   As festas celebradas não possuíam apenas um sentido histórico, mas também apontavam para o futuro. Daí a ocorrência de sentidos figurados ou simbólicos nos elementos utilizados. O cordeiro, puro e integro (Êx 12: 5 – 6), que era sacrificado por ocasião da Páscoa, apontava para o Cordeiro de Deus, que futuramente viria.

III- Páscoa no Novo Testamento:

Partindo do princípio de que os ritos relacionados à oferta pelo pecado, os ritos do grande dia da expiação, e os ritos da Páscoa eram ricos em significação típica, não podemos perder de vista o fato de que, como a Páscoa em Israel comemora a libertação da escravidão no Egito, e essa comemoração se fazia através de uma ceia na qual era imolado um cordeiro e consumido pela família, assim também a morte do cordeiro era tipo ou prefiguração da morte de Cristo, através do qual o homem seria liberto de seus pecados.

                   Logo, a Páscoa na Igreja Cristã deixa de ser a comemoração da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, para se tornar à maravilhosa comemoração da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, e a conseqüente libertação do homem das garras do pecado. Deixa-se de comemorar o tipo, a prefiguração; passa-se a comemorar a realidade sublime do eterno propósito de Deus em Cristo.

                   Se por um lado a Páscoa comemora a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, e era uma comemoração perpétua, por outro lado a Ceia do Senhor é uma comemoração da grande libertação que Cristo proporciona ao pecador, e deve ser comemorada até que Ele volte – um memorial.

                   É significativo o fato de que Jesus tenha escolhido justamente a época da festa da Páscoa, o momento em que Ele mesmo e seus discípulos comemoravam a grande festa judaica, para instituir a extraordinária celebração cristã da Ceia do Senhor (Mt 26: 17 e 26 – 30). Como também, para o Seu sacrifício (João 18: 39 – 40; 19: 14).

                   O Novo Testamento demonstra que a ressurreição de Jesus não é apenas um fato histórico, mas vai além, demonstrando um julgamento de Deus, atingindo a todos os homens. O que Deus fez, ressuscitando a Jesus, Ele o fez por nós, para nossa salvação, como expressa o apóstolo Paulo em Romanos 4: 25. Assim, a ressurreição de Jesus expressa a vontade particular de Deus, aniquilando o homem pecador, e miraculosamente trazendo-o novamente à vida. Desse modo, através da sua ressurreição, Cristo nos devolveu a vida. Em Cristo, o homem se torna participante de sua morte e é reconciliado com Deus.

                   O apóstolo Paulo disse aos Efésios que “Ele vos deu vida, estando nós mortos em nossos delitos e pecados” (Efésios 2: 01); e foi na Páscoa que o Cordeiro de Deus, Jesus, morreu e ressuscitou por nós. Portanto podemos comemorar a Páscoa como sinônimo de ressurreição, no sentido de que, em Cristo, morremos para os pecados e ressuscitamos para uma nova vida (1 Coríntios 15: 13 – 14; Colossenses 3: 1; 1Tessalonicenses 4: 16 – 18).

                   A fé cristã não vê nessa semana o epílogo de uma vida fracassada, mas a vitória de Jesus Cristo. Não se trata de lembrar apenas as sombras que sobrevieram na sexta-feira, mas, também, as luzes que brilharam no primeiro dia da semana: ressurreição!

IV- Aspectos folclóricos (adaptado da SAF em Revista) :

Há uma lenda alemã, referente a uma mulher pobre que coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos, como presente de Páscoa. Quando foi buscá-los, um coelho passou correndo por perto e a mulher valeu-se do ocorrido, para ativar a fantasia dos filhos, afirmando que o coelho é que trouxera os ovos…

                   Teria sido esse o começo da ligação entre a celebração da Páscoa e o costume de dar ovos pascais e de associá-los a coelhos? Tanto o ovo é associado à vida, quanto o coelho à fertilidade.

                   O ser humano é vagaroso em conservar a memória do essencial nas comemorações, deixando-se levar pelo acidental. Infelizmente, para muitos, o chocolate e o coelho são mais importantes do que a ressurreição de Jesus Cristo.

 

Pr. Miguel Munhós | Curitiba, 10/04/2020

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